domingo, 28 de novembro de 2010

domingo

Pensar e se frustrar é tão simples. Tão fácil reclamar, e olhar fotos e mais fotos que transpiram uma liberdade de que se inveja aqui. Mas até que ponto essa liberdade traz satisfação garantida? Será que ela preenche o vazio?

Et voi-là, mes amis. je voudrais un firmament plus souriant aujourd-hui.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

só mais um bop literário

“A visão da liberdade da eternidade que eu tive e que todos os santos das ermidas nas florestas tiveram serve para pouca coisa nas cidades e ainda mais nas sociedades em guerra como a nossa – (...) Tempo suficiente para morrer na ignorância, mas agora que estamos vivos o que vamos celebrar, o que vamos dizer? O que fazer? O quê, carne orgulhosa no Brooklyn e em toda parte, e estômagos enjoados, e corações suspeitos, e ruas duras, e conflitos de idéias, toda a humanidade em chamas com o ódio – A primeira coisa que eu notei quando cheguei em São Francisco com a minha mochila e as minhas mensagens foi que todo mundo estava vadiando – desperdiçando tempo – não sendo sério – rivalidades triviais – timidez perante Deus – até os anjos brigando – só sei de uma coisa: todo mundo é um anjo, eu e Charlie Chaplin enxergamos as asas (...) você pode até ser um intelectual escroto nas capitais européias mas eu vejo as grandes tristes asas invisíveis em todos os ombros e me sinto mal porque elas são invisíveis e inúteis aqui na terra e sempre foram e só o que a gente está fazendo é brigar enquanto a morte não chega-”

“Por que mais viver senão para discutir (pelo menos) o horror e o terror da vida, meu Deus como nós ficamos velhos e alguns de nós ficam loucos e tudo muda de maneira pavorosa – é o pavor da mudança que nos machuca, assim que as coisas esfriam e aprontam elas desmoronam e queimam-“

Anjos da Desolação (Kerouac)

sábado, 30 de outubro de 2010

(sobre aquela vontade de sair correndo)

bzzzz bop be be bebop
pra todo mundo
um pouco de ritmo não iria mal, que tal
pra embalar todos os encontros que parecem interrompidos -não, pera! isso é melodia-
melody melody melody

ritmos dançantes frenéticos batendopé como se negão do bluessss
insandecido assim, é o que dá um pouco de luz a qualquer cabeça vazia -fotossíntese-.
se bem que ninguém parece mais simportar com luz anyway -call me lightening-

ritmo e melodia -quase uma música, só faltando o meio não-abstrato por onde eles vão se fundir e onde a magia acontece- imperando nos momentos em que a gente é arrancado dos olhos da pessoamada por qualquer força externa imbecil e insensível que não capta a luz da juventude

(tendo que imediatamente procurar pelas leis de extradição da argentina, mas vou te contar, a constituição argentina é BEM confusinha. acho minha luz no café, enquanto a música carrega)

domingo, 10 de outubro de 2010

GRITO!

(eu tinha uma idéia completamente diferente de post, mas vai ser essa por hora, a outra podesperar, a vontade de gritar alto falou mais forte)

que vontade de pintar tudo de BRANCO
e colorir tudo de novo
já não é mais possível desacreditar assim em tudo que deveria ser iluminado
cadê cadê cadê
tudo adquiriu um caráter são sufocantemente raso que pra abrir os olhos é preciso fechá-los e tudo mais,

e já não se pode respirar sem ouvir as mesmas vozes os mesmos rostos a mesma VELHA ATITUDE autodegenerativa de quem parou de viver

não, talvez não seja assim, é só outra realidade, a realidade deles, que fiquem com o que les contentare, a mim não é suficiente
não é nunca suficiente e é bom que não seja
porque a inquietação é o que move, e se ela parar pra respirar e disser ok, descansa, então é o melhor a ser feito, porque ela sabe respirar

diferente de quem não pensa, de quem não revê conceitos, de quem não grita nem ri alto
quem pára o movimento pára o espírito, e carne e espírito andam juntas, o importante é equilibrar a RETROALIMENTAÇÃO

terça-feira, 14 de setembro de 2010

sobre imediatismos inconclusivos e, por isso, imediatismos

Cadê?

Ninguém disse que ia ser tudo tão vago,
ninguém avisou que iríamos ficar todos desalertados, desprotegidos, tendo que lidar com dados insólitos, tendo que se virar com o que se tem, tendo que ser basicamente imediatistas.

Imediatismos e impulsos que regram nossa rotina acabam fazendo dela qualquer coisa menos rotina. E se o inusual passar a ser o corriqueiro? E se a falta de foco, e se o desapego às metas, e se a incapacidade de planejar FOR, de fato, o esperado?

Então tudo que nos resta são expectativas distantes, um não-sei-o-que-esperar-de-mim, uma falta de perspectivas a longo prazo que incomoda, e cutuca de leve, belisca, mas que não chega a doer, porque no final,

No final, no final, no final, no final

sábado, 4 de setembro de 2010

"
Sabina despreza a literatura em que o autor revela toda a sua intimidade, e também a de seus amigos. Quem perde sua própria intimidade perde tudo, pensa Sabina. E quem a ela renuncia conscientemente é um monstro. Por isso Sabina não sofre por ter de esconder seu amor. Ao contrário, para ela esta é a única forma de viver 'dentro da verdade'.

"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

es könnte auch anders sein - parte II

Livre dos excessos, dispenso os compromissos
Longe dos suspiros, moderam-se os gestos
Curtos, bruscos, feios, rudes, sujos
São todos meus,
As injúrias, as culpas, os desejos,
E os conservo como se fossem flores.

Dispenso os compromissos longe dos suspiros.
Moderam-se os gestos curtos, bruscos, todos meus.
São feios, rudes, sujos os desejos, as injúrias, as culpas,
E os conservo como se fossem flores livres dos excessos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

es könnte auch anders sein

Vez ou outra, quando se está perdido em divagações profundas e sinceras, dá-se de cara com alguma verdade reveladora. Ela não simplesmente brota da nossa cabeça, na maioria das vezes; mas existem mecanismos que nos ajudam a encontrá-la. A disposição das árvores vista de um ângulo diferente no final da tarde, uma melodia diferente de qualquer coisa antes vista, ou simplesmente passagens de um livro velho e amarelado, que aparentava (só aparentava) já ter visto passarem seus dias de glória há muito. É o caso de “A Insustentável leveza do ser”, que leio agora, e que me fez arregalar os olhos de uma maneira LINDA e INÉDITA. Sinto-me no dever de parafrasear alguns trechos INTERESSANTÍSSIMOS, que merecem ser descobertos por qualquer um disposto a sentir um filete de sangue correr quente e vibrar nervoso e acelerar o compasso do coração melodia tão bonita que o nosso corpo rotineiramente produz. Com vocês, Milan Kundera:

“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo “esboço” não é a palavra certa, porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada. (...) Einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não pode viver senão uma vida é como não viver nunca.”

“(...) chegou à conclusão de que a história de amor de sua vida não estava colocada sobre ‘Es muss sein! (precisa ser assim)’, mas antes sobre “Es könnte auch anders sein”: isso poderia muito bem ter acontecido de outra maneira...”

“Depois que o homem aprendeu a dar nome a todas as partes de seu corpo, esse corpo o inquieta menos. Atualmente, cada um de nós sabe que a alma nada mais é que a atividade da matéria cinzenta do cérebro. A dualidade da alma e do corpo estava dissimulada por termos científicos; hoje, isso é um preconceito fora de moda que só nos faz rir.
Mas basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se desfaça.”

“Ela tentava ver-se através do próprio corpo. Por isso, passava longos momentos em frente ao espelho. (...) Não era a vaidade que a atraía para o espelho, mas o espanto de descobrir-se. Esquecia que tinha diante de si o painel dos mecanismos psíquicos. Acreditava ver sua alma se revelando sob os traços do seu rosto.”

segunda-feira, 16 de agosto de 2010



ella fitzgerald & louis armstrong, the nearness of you
música lindíssima que pediu pra ser divulgada.

sábado, 7 de agosto de 2010

feminino F _ _ _ _ IN_

Sem muito o que dizer, na verdade.
Nunca tendo muito o que dizer, vai ver é o tempo que também não me diz nada, meio que chuva, meio que sol, mas é de manhã ainda

Talvez à medida que o tempo vai passando, e tudo acontecendo, e o céu clareando, e as ruas senchendo de gentes, e as gentes todas muito estranhas entre si, ninguém se reconhecendo, mesmo que já se conheçam, à medida que as nuvens vão enxugando o que sobrou da chuva de ontem, os homens-de-debaixo-da-ponte recolhendo suas coisas e levando pralgum lugar onde só eles sabem, mais ninguém,

, quem sabe também eu vou achando alguma coisa pra ocupar os pensamentos.
Que na verdade já parei de mimportar, já não me restam muitas preocupações, tudo fluindo muito insólito na minha cabeça. De modo que me sinta muito anestesiada, porque minhas sensações não se ordenam, não se organizam, eu fico à deriva, elas me deixando na mão. Não consigo achar nenhuma direção pra atirar: vou atirando em todas.

Só uma coisa me segurando nessa dimensão: o gosto do café tomado há pouco.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

all fucked up

"dois olhares jamais se cruzam sem deixar marcas de vida e um silêncio profundo. calor. a tênue luz... (pausa pra engolir um cigarro)...invade em algum lugar o marco deste relato."


qual filme é?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

soneto de carnaval, v-d-m

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento

Seu mais doce desejo se amargura
Todo o instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento.

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão-se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e todo o amor humanos:
Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo
Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

domingo, 18 de julho de 2010

sobre a teimosia da memória

Em tempos de efemeridade, figuras se apegando a nós com uma força imbatível e incontrolável.
Em tempos de tudo-muito-rápido, idéias demorando a se diluir.
Em tempos de espírito enciclopédico (hardman explica: a ânsia de saber, de ver, de conhecer tudo, não perder nada de vista), a vontade de entender o outro PROFUNDAMENTE, de adentrar todos os espacinhos da sua mente e do seu corpo: olhos nos olhos bem intensos um no outro, sem piedade nem constrangimento.
Batendo vontade de lembrar chico buarque: olhos nos olhos quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz. Como é que se deixa que determinadas imagens, pessoas, conversas, se apeguem de um jeito tão INSUPORTAVELMENTE forte à nossa rede de lembranças? São resistentes, essas memórias. Teimosas.
Não importando o quanto tentemos arrancá-las com as unhas, dentes, garras, elas sempre lá, teimando em segurar-se a qualquer canto desprevenido do nosso cérebro. Ficam à espreita, mesmo que imersas na poeira da nossa mente, na iminência de acharem qualquer momento INOPORTUNO para insurgirem e, daí, atacar.

Then it hit me: por quê? Por que ficam armazenadas na nossa kopf se são quase que indesejáveis? Fugindo de qualquer embasamento científico, confiando só nuns devaneios ensandecidos, penso que acabam ficando, ficando porque, por alguma razão, são assuntos inacabados, aguardando pacientemente para terem um fim. Enquanto não o tiverem, decidem, com um pragmatismo odioso, a continuar nos atazanando. Essa indefinição corrói a legitimidade da nossa noção sobre essas lembranças, sendo nossas lembranças idéias congeladas, imutáveis, impossibilitadas de serem reparadas e quase nunca condizendo com a realidade. Por isso sempre tendo um caráter extremista: ou sendo uma idealização, ou provocando um asco nauseante, nunca sendo verossímeis.

Eu bem leiga, mas bem curiosa, lendo O mal-estar da cultura, catei uma passagem talvez útil à discussão: Freud alega que o passado pode ficar conservado na vida psíquica, não precisando ser necessariamente destruído. Claro que aí ele se refere a um assunto far more complex, o distanciamento do eu inteiro do eu exterior ao passar do tempo. Claro que associar isso à memória é uma aproximação completamente vulgar. Mas também, o que é que EU sei de psicanálise?

Curiosas são as perguntas que ficam: como é que essas memórias, quando vêm à tona, representam uma influência tão INTENSA aos nossos pensamentos? Como é que têm essa capacidade indomável de embaralhar certezas, de fazer com que percamos a noção entre o ético, o justo, e o inadmissível? E por que é que confundem nossas sensações, atuando sobre sentimentos que dávamos por eternos e criando indefinições, dúvidas, tornando-os (e por que não?) passageiros? Incorporam ímpetos, criando impulsos irresistíveis e que, no entanto, desafiam verdades anteriores?
Bom, resta-me a dúvida, e a única certeza de que me assombram ainda mais rostos e lembranças do que eu gostaria.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

presenting: errors

Estava eu enrolada com todos os meus rolos, bem cilíndricos e bem permanentes, quando eu paro pra raciocinar, POR QUE continuo enrolada nos meus erros? Por que é que não consigo me desnrolar deles? Será que eu ao menos tento?

QUE, teoricamente, se alguma coisa nos faz mal, deixa nervosa, desnorteada, assim, com a cabeça girando à deriva num sem-número de pensamentos e possibilidades, seria RACIONAL tão racional que combatêssemos a fonte do CAOS. Mas por que é que às vezes fazemos o oposto?

(parafraseando o senhor Amarante) Porque nem sempre. Já é pra lá de sabido que somos completamente IMPULSIVOS: nossos ímpetos, por mais controlados que possam ser, existem de fato e sempre fazem uma pressão monstruosa sobre nossas decisões. De modo que, mesmo quando é certamente mais sensato agir RACIONALMENTE (se errar me machuca, e eu não quero me machucar, não vou mais errar), às vezes nos deixamos levar por nossos impulsos. Tá, grande coisa. E daí?

E daí que errar várias e várias vezes não é sinal de burrice coisíssima nenhuma (claro, falamos de interações interpessoais, não de exercícios de matemática).
Isso só mostra que o ÊXTASE do impulso supera a conseqüência MALIGNA do erro.

Não sesquecendo que a conseqüência maligna nunca vai deixar dexistir BLÉ

tchüs,

quarta-feira, 7 de julho de 2010

vontade dum café

Dalgum jeito poucas situações batem um café.
Preto, cheiroso e fumegante.
Ele é anunciado a distância, custa disfarçar a fumacinha;

claro, certas companhias envaidecem o café, e fazem dele a mais EMINENTE das bebidas (será mesmo? für mich, ja).
não se faz necessidade aqui de citá-las uma por uma, mas três têm presença marcada: frio, cigarro e jazz. embora da OBVIEDADE há muito tenha sido feitum clichê, eles REALMENTE merecem destaque.

a memória aqui catou uma situação: eu e minha caríssima irmã num café da manhã num lugar nevado, o cheiro dum cigarro-recém-apagado e miles davis embalando todo mundo com 'so what'. pena que era de manhã, though.

buenas, tudo isso pra confessar que, quem quer que seja, é bem possível que eu SEMPRE vá acabar propondo que se tome um kaffee mit mir.