terça-feira, 16 de novembro de 2010

só mais um bop literário

“A visão da liberdade da eternidade que eu tive e que todos os santos das ermidas nas florestas tiveram serve para pouca coisa nas cidades e ainda mais nas sociedades em guerra como a nossa – (...) Tempo suficiente para morrer na ignorância, mas agora que estamos vivos o que vamos celebrar, o que vamos dizer? O que fazer? O quê, carne orgulhosa no Brooklyn e em toda parte, e estômagos enjoados, e corações suspeitos, e ruas duras, e conflitos de idéias, toda a humanidade em chamas com o ódio – A primeira coisa que eu notei quando cheguei em São Francisco com a minha mochila e as minhas mensagens foi que todo mundo estava vadiando – desperdiçando tempo – não sendo sério – rivalidades triviais – timidez perante Deus – até os anjos brigando – só sei de uma coisa: todo mundo é um anjo, eu e Charlie Chaplin enxergamos as asas (...) você pode até ser um intelectual escroto nas capitais européias mas eu vejo as grandes tristes asas invisíveis em todos os ombros e me sinto mal porque elas são invisíveis e inúteis aqui na terra e sempre foram e só o que a gente está fazendo é brigar enquanto a morte não chega-”

“Por que mais viver senão para discutir (pelo menos) o horror e o terror da vida, meu Deus como nós ficamos velhos e alguns de nós ficam loucos e tudo muda de maneira pavorosa – é o pavor da mudança que nos machuca, assim que as coisas esfriam e aprontam elas desmoronam e queimam-“

Anjos da Desolação (Kerouac)

2 comentários:

  1. Lembra da ultima cena de Luzes da cidade?A vendedora era cega,e com aquela cena podemos ver Chaplin pela primeira vez outra vez,Nao reclames perante o tempo pois é perda de tempo somos feitos de momentos

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  2. esse comentário me lembrou PROFUNDAMENTE de Os Sonhadores

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