quarta-feira, 23 de março de 2011

Juventude (re) transviada - parte I

Estava eu me divertindo com um polígrafo para uma cadeira de história econômica QUANDO, de súbito, desce AQUELA luz que todos nós perceptores da vida já bem conhecemos, como se o espírito do próprio Tony Judt estivesse descendo do paraíso (já? Tony Judt tendo recém falecido, agosto de 2010) e pedindo pra tomar um café comigo (mania de fazer alusão ao título do blog em todas as postagens possíveis) e explicar qualquer coisa que talvez ele soubesse sobre a JUVENTUDE.

Sobre o surgimento da expressão "juventude" na Europa Ocidental no final dos anos 50:
"Usando roupas escuras e apertadas - por vezes de couro, por vezes de camurça, sempre de corte arrojado, e de aparência um tanto ameaçadora-, os blousons noirs (na França), os Halbstarker (na Alemanha e na Áustria) ou os kinknuttar (na Suécia), à semelhança da "juventude transviada" de Londres, exibiam comportamento cínico e indiferente, algo entre Marlon Brando e James Dean. No entanto, apesar de esporádicos surtos de violência, a principal ameaça desses jovens e suas roupas era à noção de decência dos mais velhos".

"Ter roupa específica, de acordo com a faixa etária, era importante como afirmação de independência e mesmo de rebeldia. (...) os jovens gastavam bastante dinheiro em roupas, mas gastavam ainda mais - muito mais- em música". Música pop mais especificamente, já que o jazz se viu marginalizado, sendo apreciado "geralmente, indivíduos com educação formal, burgueses ou boêmios (ou, muitas vezes, ambos)".

Lendo todas essas passagens, meus olhos começaram a soltar faíscas, tornando-se, eventualmente, foguinhos de artifício (sim, qualquer coisa como o clipe de Two Weeks do Grizzly Bear). PORÉM o CLICK veio com a passagem seguinte:

"Os adolescentes europeus do final dos anos 50 e início dos anos 60 não pretendiam transformar o mundo. Tinham crescido com segurança e certa prosperidade. A maioria queria apenas ter uma aparência diferente, viajar mais, tocar música e comprar coisas".

A luz desceu e invadiu toda a escrivaninha, e eu me enchi das mais diversas sensações de satisfação. Não simplesmente porque tinha ENTENDIDO o que Godard quis criticar em Masculino, Feminino e todo o processo histórico que tinha gerado aquela situação, MAS TAMBÉM porque notei qualquer semelhança com a dita "juventude" de hoje.

Há tempos já queria tentar achar uma definição adequada e comum pra essa massa de joverns (vale ressaltar: "massa" reduzida, com acesso a internet e renda suficiente para que se entedie facilmente), e foi Tony Judt, observando as características da geração jovem européia dos anos 50 e início dos 60, que conseguiu resumir absolutamente tudo.

Há certas diferenças, porém. Elas virão num futuro post, quem sabe.

domingo, 20 de março de 2011

Acho que o blog precisa dar uma revigorada, ando muito desleixada. Quem sabe uma foto? E, pra fazer jus à proposta cheia de cafeína do blog, pas d'une image inhabituelle:



(e como um pouco de auto-promoção não faz mal a ninguém, o flickr donde tá a foto: www.flickr.com/ffeldens)

E fica um questionamento: como as pessoas têm coragem de achar que o amor pode justificar atos de não-amor?

Dica: trilha sonora do filme The Kids Are All Right! muito legal mesmo, mas infelizmente não achei pra baixar. O cd novo do The Kills também tá bem bacana, se alguém quiser dar uma escutada: http://www.mediafire.com/?d9p8tm8d6fee5fn