quinta-feira, 21 de abril de 2011

Uma pena.

Todo esse céu,
essa cidade inteira,
todas as nuvens, brancas e azul-escuro,
tentam fazer esquecer
um único rosto,
um único par de olhos (vazios),
um único formato de boca único;

Mas aqui dentro
quem quer lembrar é o coração,
não a cabeça, nem a cidade
nem todas suas diversões diversas.

Que, se fosse pra fazer sentido,
eu não me faria sentir
tão triste, triste;
Eu não resistiria à vida inteira ao redor
clamando por mais vida
aqui dentro.

terça-feira, 12 de abril de 2011

(Coffee Break)

Agora é uma boa hora pra fazer um intervalo entre os posts sobre juventude transviada, e fazer um coffee break.

Rápido pensamento, daqueles que antecedem o sono, mas são importantes demais pra se refletirem apenas em sonho e desaparecerem com o primeiro espreguiço mau-humorado da manhã:

Existe tarefa mais estressante que "aproveitar cada momento como se fosse o último"? Se levássemos o clichê ao pé da letra, possivelmente não. É improvável extrair satisfação de situações cotidianas desagradáveis, sendo desnecessário entrar em detalhes ou especificações.

O que essa expressão popularizada vulgarmente por comerciais de carro do tipo Ecosport quer significar REALMENTE, acho eu, é que a vida deve deixar-se ser percebida. É que tirar conclusões sobre o passado só nos guia pra uma ou duas direções; a nostalgia ou o remorso. Se fôssemos capazes, por outro lado, de identificar os momentos perfeitos enquanto eles acontecem, então seríamos GENUINAMENTE felizes, mesmo que somente durante o período de duração desse momento. Sendo mais humilde, o momento não precisaria nem ser perfeito; bastasse que conseguíssemos enxergar, em tempo real, o curso da vida tomando o seu rumo. Como num filme: ser ator e espectador ao mesmo tempo.


(cena de une femme est une femme)

Talvez possamos, ao olhar pra trás, captar os elementos que nos fizeram mais realizados e iluminados (no sentido não-religioso da palavra, iluminados pela VERDADE) para, no presente ou nas situações futuras, percebermos esses mesmos elementos enquanto eles se fundem pra compor um momento perfeito. Só estaria aí, então, a serventia do passado, apenas na sua função de "educador". E mesmo desse processo racional eu desconfio um pouco.

O click! de que estamos vivendo uma cena única, completa e realizadora se traduz mais como um insight, uma percepção instantânea, repentina, do que por meio de um raciocínio lógico, que perde em força de genuidade para o insight.


Mas isso, é claro, é tudo bobagem de uma estudante que custa a dormir, menos por insônia que por inquietação das idéias.