terça-feira, 31 de agosto de 2010

es könnte auch anders sein - parte II

Livre dos excessos, dispenso os compromissos
Longe dos suspiros, moderam-se os gestos
Curtos, bruscos, feios, rudes, sujos
São todos meus,
As injúrias, as culpas, os desejos,
E os conservo como se fossem flores.

Dispenso os compromissos longe dos suspiros.
Moderam-se os gestos curtos, bruscos, todos meus.
São feios, rudes, sujos os desejos, as injúrias, as culpas,
E os conservo como se fossem flores livres dos excessos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

es könnte auch anders sein

Vez ou outra, quando se está perdido em divagações profundas e sinceras, dá-se de cara com alguma verdade reveladora. Ela não simplesmente brota da nossa cabeça, na maioria das vezes; mas existem mecanismos que nos ajudam a encontrá-la. A disposição das árvores vista de um ângulo diferente no final da tarde, uma melodia diferente de qualquer coisa antes vista, ou simplesmente passagens de um livro velho e amarelado, que aparentava (só aparentava) já ter visto passarem seus dias de glória há muito. É o caso de “A Insustentável leveza do ser”, que leio agora, e que me fez arregalar os olhos de uma maneira LINDA e INÉDITA. Sinto-me no dever de parafrasear alguns trechos INTERESSANTÍSSIMOS, que merecem ser descobertos por qualquer um disposto a sentir um filete de sangue correr quente e vibrar nervoso e acelerar o compasso do coração melodia tão bonita que o nosso corpo rotineiramente produz. Com vocês, Milan Kundera:

“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo “esboço” não é a palavra certa, porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada. (...) Einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Não pode viver senão uma vida é como não viver nunca.”

“(...) chegou à conclusão de que a história de amor de sua vida não estava colocada sobre ‘Es muss sein! (precisa ser assim)’, mas antes sobre “Es könnte auch anders sein”: isso poderia muito bem ter acontecido de outra maneira...”

“Depois que o homem aprendeu a dar nome a todas as partes de seu corpo, esse corpo o inquieta menos. Atualmente, cada um de nós sabe que a alma nada mais é que a atividade da matéria cinzenta do cérebro. A dualidade da alma e do corpo estava dissimulada por termos científicos; hoje, isso é um preconceito fora de moda que só nos faz rir.
Mas basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se desfaça.”

“Ela tentava ver-se através do próprio corpo. Por isso, passava longos momentos em frente ao espelho. (...) Não era a vaidade que a atraía para o espelho, mas o espanto de descobrir-se. Esquecia que tinha diante de si o painel dos mecanismos psíquicos. Acreditava ver sua alma se revelando sob os traços do seu rosto.”

segunda-feira, 16 de agosto de 2010



ella fitzgerald & louis armstrong, the nearness of you
música lindíssima que pediu pra ser divulgada.

sábado, 7 de agosto de 2010

feminino F _ _ _ _ IN_

Sem muito o que dizer, na verdade.
Nunca tendo muito o que dizer, vai ver é o tempo que também não me diz nada, meio que chuva, meio que sol, mas é de manhã ainda

Talvez à medida que o tempo vai passando, e tudo acontecendo, e o céu clareando, e as ruas senchendo de gentes, e as gentes todas muito estranhas entre si, ninguém se reconhecendo, mesmo que já se conheçam, à medida que as nuvens vão enxugando o que sobrou da chuva de ontem, os homens-de-debaixo-da-ponte recolhendo suas coisas e levando pralgum lugar onde só eles sabem, mais ninguém,

, quem sabe também eu vou achando alguma coisa pra ocupar os pensamentos.
Que na verdade já parei de mimportar, já não me restam muitas preocupações, tudo fluindo muito insólito na minha cabeça. De modo que me sinta muito anestesiada, porque minhas sensações não se ordenam, não se organizam, eu fico à deriva, elas me deixando na mão. Não consigo achar nenhuma direção pra atirar: vou atirando em todas.

Só uma coisa me segurando nessa dimensão: o gosto do café tomado há pouco.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

all fucked up

"dois olhares jamais se cruzam sem deixar marcas de vida e um silêncio profundo. calor. a tênue luz... (pausa pra engolir um cigarro)...invade em algum lugar o marco deste relato."


qual filme é?