sexta-feira, 4 de julho de 2014

Entendi 1 + El Sueño Eterno

Pronto. Entendi. Não existe criação. É isso. Chega de giros mirabolantes no carrossel rumo a um maquinista que diga “pare, acabou”. Nunca vai acabar. No carrossel é assim. Nem pra frente, nem pra trás, o olhar. Feche os olhos meu bem e feche-os BEM, senão o vento do tempo te pega DE JEITO. Se abrir os olhos, os mistérios do resto do parque serão transformados em verdades, e a criança, em adulto. Então todo o sentido em sentir há sentido em sentir? Todo o sentido irá e-va-po-rar, irá céu de carrossel acima, irá desaparecer devagarzinho por entre as nuvens rosas pintadas mas já descascadas do teto do brinquedo-máquina-do-tempo. Porque eu vou te dizer, nenhuma criança que se preste irá abrir os olhos durante o passeio, pois ela SABE que isso seria como destruir um quebra-cabeças montado ao longo de ANOS  –quantos, oito? -. Anos a fio acordando e dormindo apenas para ir preenchendo involuntariamente aquele quebra-cabeças. E de repente –PUM- abrem-se os olhos, as peças se espalham, a imagem se desfaz, o rosto se desfigura, centenas milhARES de pequenas células de papel –frágil é o papel e frágil é também minha alma- penetrando nos vãos das tábuas do chão acostumando-se à sua nova moradia, a Casa da Poeira; ou escondendo-se por debaixo de sofás que só depois de muito serão movidos –talvez na mudança daqui a 10 anos, quando vier uma nova família?-; acidentalmente enfiando-se por entre famílias de ácaros que não sei se os recebem bem, porém – por entre os grumos de carpete e atrás das portas que nunca se fecham, perto daquelas bolinhas de borracha que JUSTAMENTE a impedem de desavisadamente por alguma repentina rajada de vento fecharem-se batendo e causando um forte BUM.

El Sueño Eterno

Um pequeno morto, pobrezinho do sonhador eterno.
Preso entre seus véus de desejos secretos,
Se encerra em translúcidas paredes
De interminável concreto.
- ó não, mas é bom! Ó não, ó não.

Pobre daquele que no sonho eterno habita.
Não vê que é breu concretado matéria enganosa quem cai não retorna?
Sai pela fresta, foge, corre e pula por ela, antes que feche, antes que feche.
Que só assim tem gosto um passo dado;
Que tem corpo infinito extensão de todos os amores;
Que só assim vêm amores.


Sai pela fresta, foge, corre e pula por ela, antes que feche, antes que feche.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O mais doce dos ruídos



Assim como as imagens de um filme fotográfico só aparecem após sua revelação, nossa vida é revelada através dos sentidos, dos cristais de prata da luz, das ondas sonoras, do tato, dos aromas, dos gostos. Quando estamos apaixonados, estes cristais sofrem uma metamorfose, assim como a maneira como sentimos a vida. Umberto Eco uma vez disse que a arte emite sinais, que captamos, mas não sem certas interferências externas, os “ruídos”, distâncias culturais e temporais entre nós e o objeto artístico que perturbariam os sinais por ele enviados, determinando nossa concepção de arte. A paixão, ela mesma, é um tipo de ruído.
            A paixão desorienta e confunde nossos sentidos, mas, ao mesmo tempo, torna-os mais seletivos: se nossa visão parece mais turva, é porque passamos a escolher um foco, mesmo que ele esteja preso em nossos devaneios; nossa audição fica mais desatenta: prestamos mais a atenção no ritmo acelerado de nosso coração; nosso paladar passa a priorizar os sabores mais afrodisíacos, mais doces; nosso olfato rebela-se, ignora o malcheiroso e celebra os perfumes; e, por fim, nosso tato fica ansioso, procura nervoso pela pele daquela pessoa que nos encanta.
            Enfim, a paixão passa a estender-se a todos os aspectos de nossa vida. Suspiramos quando nasce o sol, saltamos uma poça d’água por uma simples e repentina vontade serelepe de fazê-lo, sorrimos à toa, não por ingenuidade, mas porque nossos lábios involuntariamente se contraem. Se nos dizemos apaixonados por alguém, não é porque ele é o centro de nossas vidas; é porque foi o responsável por nos sentirmos mais vivos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

lixo lixo lixo lixo lixo lixo lixo lixo
lixo lixo um um um um lixo lixo
lixo lixo um um um lixo lixo
lixo lixo um um lixo lixo
lixo lixo um lixo lixo
lixo lixo amor lixo                                                                                       um funeral.
lixo lixo um lixo lixo
lixo lixo um um lixo lixo
lixo lixo um um um lixo lixo
lixo lixo um um um um lixo lixo
lixo lixo lixo lixo lixo lixo lixo lixo